47.500 pessoas festejaram com Arcade Fire

1 junho 2014

Entre confettis, homens espelhados e cabeçudos, os canadianos Arcade Fire fecharam o quarto dia do festival Rock in Rio Lisboa para cerca de 47.500 pessoas, segundo a organização.

Com metade da audiência registada na quinta-feira, dia dos Rolling Stones, os Arcade Fire justificaram serem cabeças-de-cartaz de sábado do festival, mesmo que o público nem sempre tenha respondido ao apelo festivo, mais rock e eletrónico do grupo.

Depois da entrada de um homem, com um fato espelhado, a deslizar no slide por cima da audiência, anunciando o início do concerto, os Arcade Fire focaram-se sobretudo no álbum mais recente, “Reflektor” (2013), com canções como “Flashbulb eyes”, “Joan of Arc” e “Afterlife”.

“Esta música é sobre a saudade”, disse o vocalista Win Butler num português irrepreensível, para apresentar “The suburbs”, tema que dá o mote ao álbum de 2010.

O espetáculo contou com alguma encenação, com Regine Chassagne a interpretar “It’s never over” no meio do público, em dueto mais ou menos intimista com Win Butler, que estava no palco, e com a entrada dos Reflektors, o grupo de cabeçudos que representam os próprios Arcade Fire.

O clima de festa deu-se com canções mais antigas, como “Rebellion” e “Ready to start”.

Já no final – sem direito a “encore” -, incluíram o tema novo “Here comes the night time”, com uma chuva de confettis coloridos sobre a audiência, e fecharam com “Wake up”, com os espectadores a gritarem em plenos pulmões.

Esta foi a quarta vez que os Arcade Fire tocaram em Portugal e a primeira no festival Rock in Rio Lisboa.

Antes, no Palco Mundo registaram-se duas estreias em Portugal: do músico britânico Ed Sheeran, de 23 anos, e da neozelandesa Lorde, de 17.

O primeiro, que acabou o concerto já no lusco-fusco, tocou apenas uma dezena de músicas pop rock alternativo, como “I see fire” e “Give me love”, muito aplaudidas pelo público, e ainda uma versão de “Be my husband”, de Nina Simone.

Ao longo da atuação percebeu-se que Ed Sheeran tem uma falange de apoio em Portugal, comprovada pelos gritos – maioritariamente femininos – no arranque de cada música.

Já Lorde, a cantora dos antípodas que no ano passado recebeu elogios da crítica internacional com o disco de estreia, “Pure Heroine”, só espaçadamente conseguiu mobilizar a audiência, mas quando o fez – em canções como “Team” e “Tennis Court” – foi recompensada com gritos e aplausos.

A joia da coroa da cantora – o tema “Royals” – foi guardado para o final, já depois de Lorde ter agradecido várias vezes a receção calorosa.

“Este é talvez o maior público para quem já toquei. Os meus amigos que vão tocar a seguir [Arcade Fire] já me tinham avisado que são o melhor público de sempre e talvez tenham razão”, disse.

Os concertos no Palco Mundo arrancaram pelas 19:00 com uma homenagem ao músico António Variações, que juntou em palco Gisela João, os Deolinda, os Linda Martini e os ex-Heróis do Mar Rui Pregal da Cunha e Paulo Pedro Gonçalves.

Do repertório de António Variações, que morreu há 30 anos, foram tocadas músicas como “Anjinho da Guarda” (Gisela João), “Erva Daninha” (ex-Heróis do Mar), “O Corpo é que Paga” (Deolinda), “Adeus que me vou embora” (Gisela João com Linda Martini), “Toma o Comprimido” (Linda Martini), “Estou Além” (Deolinda com os ex-Heróis do Mar), “Canção de Engate” (Deolinda Martini, como disseram os próprios músicos) e “Amália na Voz”, tema que juntou todos em palco.

Rui Pregal da Cunha disse que “o António [Variações] tinha uma coisa incrível: só músicas que todos os portugueses conheciam”. E grande parte das canções foram acompanhadas em coro pelos que assistiam ao concerto.

Isto porque, como disse o vocalista dos Linda Martini, André Henriques, “num país onde parece que os discos não são cultura, discos de artistas como o António [Varaições] ficam para sempre”.

“Podem tirar-nos muita coisa, mas não nos tiram a nossa cultura”, afirmou.

O festival Rock in Rio termina hoje, domingo, com a estreia em Portugal do músico norte-americano Justin Timberlake.

SAPO com Lusa

share