“Blackstar”: David Bowie promete surpreender com o novo álbum
David Bowie quer provar que o rock ainda lhe está nas veias e está decidido a surpreender com o novo disco, “Blackstar”. O 25ª álbum da carreira do músico britânico chega às lojas esta sexta-feira, 8 de janeiro, dia do seu 69º aniversário.
Há três anos, também no dia de aniversário de Bowie, era lançado “Thin Duke”, escolhido para acabar com os muitos anos de silêncio, com a canção “Where are we now?”, reacendendo a chama que alguns consideravam quase apagada.
Dois meses depois, um álbum com acentos rock e melodias acessíveis, “The Next Day”, confirmou o regresso em grande forma do artista das mil faces que permaneceu em silêncio por alguns anos, mas que foi celebrado com uma exposição itinerante que alcançou, em 2015, o milionésimo visitante durante a passagem por Paris.
Desde então, o londrino tem-se dedicado a vários projetos, como bandas sonoras, comédia musical e algumas participações pontuais, como no último álbum dos Arcade Fire.
O artista parece que voltou com a mesma energia do boom dos anos de 1970 quando, multiplicando os estilos e personagens, era assunto em todo o mundo e parecia ditar a moda.
Bowie sempre gostou de experimentar coisas novas, o que o levou até à música jazz: o 25º álbum do cantor, sob o signo de uma estrela preta misteriosa (“Blackstar”), é atravessado por baterias epilépticas, fluxos e explosões de saxofone (o primeiro instrumento de Bowie) e uma voz de veludo, espalhando ora doçura, ora ansiedade.
O cantor tem prazer em esticar e desconstruir as próprias canções, sem dar importância aos supostos limites de três ou quatro minutos do formato normal da canção pop-rock. Por vezes, encontramos algum eco de álbuns anteriores, como “Low” (1977) ou “Black Tie White Noise” (1993), que relançou o artista depois dos anos 1980.
Com “Blackstar”, a ideia não foi muito fazer um disco de jazz, mas “gravar um álbum de David Bowie com músicos de jazz que não toquem necessariamente jazz”, explicou recentemente à rádio americana NPR Tony Visconti, produtor “histórico” do artista.
“Ele teve na equipa um músico de jazz importante durante uma ou duas décadas, Mike Garson, um pianista de jazz muito talentoso. Então, já existia uma pitada de jazz em algumas das suas produções anteriores. E David conhece muito bem os acordes do jazz”, sublinhou o seu produtor.
“Tudo começou com uma canção ou duas, para alcançar vários temas e, em seguida, um projeto de um álbum completo”, disse o saxofonista americano Donny McCaslin, cujo “sax” é onipresente neste álbum, onde também aparece o baterista de jazz Mark Guiliana e o músico e produtor James Murphy (ex-LCD Soundsystem).
No final de 2014, os dois primeiros títulos, “Sue (Or In A Season Of Crime)” e “‘Tis A Pity She Was A Whore”, anteciparam o disco que chega às bandas sexta-feira, 8 de janeiro.
Os fãs também tiveram a oportunidade de ouvir há algumas semanas “Blackstar”, canção de dez minutos escrito por David Bowie para a série policial “Panthers”.
A canção introdutória define o tom para todo o disco composto por letras sombrias e por diferentes atmosferas, que vão desde o free jazz ao som “orientalizing”, passando por uma “massa negra”.
Contudo, Bowie tenta não se perder num álbum muito experimental, entregando-se por vezes às suas inclinações de rock e pop.
O cantor flutua na introdução de “Lazarus” com reminiscências do rock “cold wave” dos anos 1980, algumas ressonâncias hip hop em “Girls Loves Me” e uma guitarra melódica na canção final, “I Can’t Give You Everything”.