James: “Não queremos viver apenas no passado e isso é muito difícil de se conseguir”
Com mais de 35 anos de carreira, os James são uma das bandas britânicas com mais passagens por Portugal nas últimas décadas. Esta sexta-feira, dia 29 de junho, o grupo de Tim Booth sobe, às 18h00, ao Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa para uma viagem ao passado, com pitadas do futuro.
“Getting Away With It (All Messed Up)”, “Sometimes” , “Laid” e “Sit Down” são algumas das canções que vão fazer parte do alinhamento e que prometem deixar todos os festivaleiros a cantar – é isso que Saul Davies, guitarrista do grupo, espera.
“É muito especial atuar em Portugal. É muito importante para nós voltar a Portugal e tocar ao vivo. Às vezes, até gostávamos de ir aí mais vezes… mas há um limite, claro. Há uma balança e não podemos atuar demasiadas vezes aí”, confessou o músico em conversa com o SAPO Mag.
Nas últimas décadas, os James atuaram mais de 20 vezes em Portugal – em 2016, a banda até surpreendeu os fãs com um concerto em São Bento, no Porto, uma das “estações mais bonitas do mundo”, na opinião de Saul Davies. “Tenho uma grande ligação com Portugal, com o país e com as pessoas. Tenho alguma família em Portugal e, por isso, Portugal é especial para mim. O meu filho nasceu em Portugal. E adoro ir visitar o país e adoro atuar aí. A atitude do público é incrível, há uma resposta sofisticada – as pessoas estão dispostas a ouvir, as pessoas querem festa e querem ficar ‘malucas’, claro, mas também querem ouvir”, defende.
Para o guitarrista dos James, subir ao Palco Mundo da Cidade do Rock é ainda mais especial. “É muito especial atuar no Rock in Rio Lisboa. É como… imagina que estás a começar a tua carreira numa banda e queres chegar ao público, queres escrever canções e atuar para as pessoas, tal como um futebolista, que começa numa pequena cidade, a jogar à bola numa rua, e nunca imaginas que, um dia, vai jogar no Futebol Clube do Porto ou no Barcelona ou no Bayern de Munique. E, um dia, alguém pega em ti e diz que te vai dar a oportunidade de jogar lá. É mais ou menos o que acontece na música”, explica.
“Quando começas, tens de lutar e de trabalhar, mas não imaginas mesmo que vais ter uma carreira. Há muitas boas bandas em Portugal, que acham que é impossível ter uma carreira e, por isso, têm outros trabalhos. Isto quer dizer que é tão difícil porque não é só sobre talento. É uma série de coisas que se têm de alinhar – tipo, os astros alinharem-se e tocares em grandes palcos e chegares às pessoas. É quase como um milagre conseguir isso. E o Rock in Rio é um desses milagres. É um evento especial porque é gigante. É poderoso. E é um pouco assustador porque há muitas expectativas”, frisa Saul Davies.
Para o músico da banda britânica, um concerto é sempre uma oportunidade de manter a banda viva na memória dos fãs. “É uma oportunidade para lembrar que estamos cá, lembrar as canções antigas e mostrar as novas. O nosso trabalho é mostrar que os James têm uma história, mas que os James também têm coisas novas. Não queremos viver apenas no passado e isso é muito difícil de se conseguir”, sublinha.
Além das canções antigas, os James trazem novidades para o palco do Rock in Rio. “Temos um EP novo com quatro novas canções. Um dos temas é ‘Hank’ e a canção foi escrita durante um período complicado. As canções deste novo registo foram feitas quando, no Reino Unido, se discutia o Brexit e ao mesmo tempo que o Trump era eleito nos Estados Unidos. Não digo que somos uma banda política deliberadamente, mas somos uma banda que é afetada pelas políticas”, revela, acrescentando que a banda é “afetada pelo que acontece à volta”.
“Os dois álbuns anteriores dos James (‘Le Petite Mort’ e ‘Girl at the End of the World’) tiveram muito sucesso no Reino Unido e este novo disco segue a mesma linha e desenvolve algo novo ao mesmo tempo. É um disco com canções políticas, como ‘Hank’. Outras são mais românticas, como por exemplo o tema que se chama ‘Leviathan'”, desvenda o músico britânico.
Apesar da longa carreira dos James, Saul Davies frisa que os novos temas soam a uma banda nova. “A banda foi formada há 37 anos e se ouvirem o tema ‘Hank’, acho que não soa a uma banda com 37 anos. Parece que é uma nova banda. E acho que isso é fantástico e estamos muito orgulhosos por isso”, advoga.
Os James atuam esta sexta-feira, dia 29 de junho, às 18h00, no Palco Mundo do Rock in Rio Lisboa. A Cidade do Rock da Bela Vista vai receber ainda concertos dos Xutos & Pontapés, The Killers e The Chemical Brothers.
A edição de 2018 do evento de música e entretenimento chega ao fim do sábado, 30 de junho. Katy Perry, Jessie J, Ivete Sangalo e Hailee Steinfeld são as protagonistas do último dia.